sábado, 25 de setembro de 2010

O preço da solidão

Conviver com as pessoas pode ser uma experiência insuportável. Já era assim na Londres de um século atrás, o progresso e a vida moderna não mudaram a essência humanitária que faz a arrogância e a vaidade chegarem a níveis extremos e que nunca foram necessários à felicidade do homem. Assim a solidão acaba sendo um alento, mas esse alívio é o precursor do ataque do inimigo, que está à sua espreita, em qualquer rua, em qualquer esquina, ou até mesmo dentro de sua casa.  A solidão alivia a mulher que não precisa o tempo todo ficar se comparando às outras, ficar  se medindo, naquele instante, ela é a melhor.  Naquele momento ela é senhora de uma beleza infindável, cujos olhos não precisam se desviar do espelho. Também a solidão marca o preço da loucura, do desabafo no corredor, do choro no travesseiro, da bebida e do vício. E ela chegará num ponto em que não mais será notada, num nível de isolamento tal como das vítimas de Whitechapel. Não, aquelas mulheres não queriam uma vida diferente, elas estavam cansadas, elas chegaram no nível insuportável que faz o indivíduo estar só na multidão.
Na Londres de 1888 a humanidade era bem melhor. E ao invés de lhe dizer estas palavras através de um monte de botões, estaríamos diante de uma lareira, com um bom vinho, em um clima perfeito para que a solidão se dissipasse. Pois é assim que deve ser a última noite de alguém que está só: boas palavras, e boa companhia, no caso, eu. 

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