quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Olhe para trás, sempre.

Não. Não vou relatar todos os detalhes. São parte da minha intimidade com meus crimes, e não devo me ater ao terror, por generosidade à sua leitura. Deixarei que o fascínio se mostre nos relatos. Basta para isso saber que nas ruas escuras há sempre uma companhia com você. E a penumbra é o maior motivo para seu medo. Se pelo menos você olhasse para trás, poderia correr, fugir, mas não, há algo em você que prefere o vacilo, a dúvida, a prepotência e o risco imbecil de preferir encarar o desconhecido, medir forças talvez. Ninguém nestas condições está preparado para partir, é sempre gente que ama viver, trabalha muito, estuda, produz bastante, ou mesmo está somente se divertindo, até demais, na minha opinião.
Seria simples se a humanidade não se perdesse nos próprios descuidos. Eu já previa isso, em pleno século XIX eu vi o homem caminhando para o seu poço de orgulho. E neles, chafurdou, junto com suas pretensões ao bem estar comunitário. Assim eu persigo os motivos menos aparentes, olhando a humanidade caminhando lenta e preguiçosamente sobre seus constantes erros. Crentes, ou não, tudo seria muito mais simples se apenas olhassem para trás, admitindo que o perigo pode lhes ser prejudicial. Olhar para trás, pode fazer a diferença.

sábado, 25 de setembro de 2010

O preço da solidão

Conviver com as pessoas pode ser uma experiência insuportável. Já era assim na Londres de um século atrás, o progresso e a vida moderna não mudaram a essência humanitária que faz a arrogância e a vaidade chegarem a níveis extremos e que nunca foram necessários à felicidade do homem. Assim a solidão acaba sendo um alento, mas esse alívio é o precursor do ataque do inimigo, que está à sua espreita, em qualquer rua, em qualquer esquina, ou até mesmo dentro de sua casa.  A solidão alivia a mulher que não precisa o tempo todo ficar se comparando às outras, ficar  se medindo, naquele instante, ela é a melhor.  Naquele momento ela é senhora de uma beleza infindável, cujos olhos não precisam se desviar do espelho. Também a solidão marca o preço da loucura, do desabafo no corredor, do choro no travesseiro, da bebida e do vício. E ela chegará num ponto em que não mais será notada, num nível de isolamento tal como das vítimas de Whitechapel. Não, aquelas mulheres não queriam uma vida diferente, elas estavam cansadas, elas chegaram no nível insuportável que faz o indivíduo estar só na multidão.
Na Londres de 1888 a humanidade era bem melhor. E ao invés de lhe dizer estas palavras através de um monte de botões, estaríamos diante de uma lareira, com um bom vinho, em um clima perfeito para que a solidão se dissipasse. Pois é assim que deve ser a última noite de alguém que está só: boas palavras, e boa companhia, no caso, eu. 

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Este é apenas o começo

Em todos os vultos que vejo passar, vejo como estão se inspirando até hoje nos meus feitos. Porém, não há do que se orgulhar, além de partilhar essas histórias noturnas com os cavalheiros e damas insones, modernos e perturbados. Talvez tão sós quanto aquelas moças de Whitechapel.  Sejam bem vindos à vida misteriosa de uma humanidade que pouco fez por si mesma nos últimos 122 anos. Se chegar o momento em que você percebe que não é diferente, apenas pare, respire fundo e olhe para trás. A sua sorte, quem sabe, seja diferente.